Nas redes sociais e mídias de quem ama animais, o assunto que bombou nos últimos dias foi sobre os gatos pretos e sua associação ao azar. O assunto foi levantado após a veiculação de um comercial da fabricante de carros Volkswagen onde um gato cruza o caminho de um carro repleto de objetos de sorte e itens de segurança e transmite a mensagem de que não se pode ter sorte o tempo todo. A revolta dos protetores, ONGs e amantes de animais tirou o comercial do ar pelo fato de reforçar uma superstição e preconceito que são combatidos há anos.
Gatos de pelagem na cor preta são vítimas de preconceito e maus tratos.
A maior parte dos gatos em abrigos possuem pelagem preta e muitas pessoas ainda evitam adotá-los por preconceito. Alguns dizem que trarão azar, ou que são mais bravos, ou simplesmente não sabem o porque resistem ao pretuxo.
Aí vem a pergunta: De onde começou essa superstição tão absurda? Por que tanto preconceito?
Essa é uma longa história que começa na Inglaterra, durante a idade média. Diziam que os gatos pretos habitavam povoados onde haviam bruxas e que eram enviados das trevas para que quando elas morressem seu espírito habitasse o gato e continuasse na terra. Tal associação se fez pelo fato de os gatos possuírem hábitos noturnos, caminhar silencioso e agilidade. A cor da pelagem preta foi escolhida por sua associação à magia negra e tudo que era obscuro. Além disso, foi observado que os gatos pretos matavam mais ratos que os demais e por isso eram possuídos (de fato, os gatos pretos tem maior probabilidade a caçar mais, mas isso porque se camuflam no escuro).
Assim, com a caça às bruxas, foi declarada também a caça aos gatos pretos. Até mesmo um papa na época chegou a decretar a perseguição aos bichanos. Se você já está achando tudo isso absurdo, saiba então que essa perseguição durou mais de 6 séculos e que os gatos inclusive foram queimados vivos!
Injustamente os pretinhos básicos foram estereotipados como animais de estimação de bruxas e causam contradição entre animais da sorte ou do azar. A verdade é que popularmente, os gatos de pelagem preta são e muito discriminados.
Até hoje, em datas como sexta-feiras 13 e Halloween (31 de outubro) os gatinhos pretos são procurados por pessoas más para serem alvos de rituais, sofrimento e até mesmo brincadeiras de mau gosto e maus tratos. As ONGs e protetores evitam adotar gatos pretos nestas datas, principalmente quando o interessado na adoção é muito específico na cor e características do animal.
Outras crenças e simbologias também são atribuídas aos gatos pretos. No antigo Egito ele foi idolatrado como um deus, por volta de 1800 ele foi relacionado ao anarquismo e se tornou sinônimo de sabotagem, no paganismo representa sabedoria, em outras culturas o bichano representa a morte… Enfim, tantas crendices e superstições sem fundamento por puro preconceito à cor da pelagem de um animal.
O que importa é que essas ideias precisam ser desfeitas da cabeça da sociedade. Ninguém deixa de ter uma escada em casa pelo fato de dizer-se que passar por baixo dela traz má sorte, por que as pessoas desprezam um animalzinho tão belo e carinhoso?
O gato preto é como uma pequena pantera, com seus olhos verdes amarelados, pelos brilhantes e seu caminhar cheio de charme. É uma criatura de Deus (ou da natureza para quem preferir) que não tem culpa da fama que lhe é atribuída e não merece ser desprezada, tampouco mal tratada. Eles são tão carinhosos como qualquer outro gato, mas só quem tem um pretuxo sabe e entende que azar é não ter um gato preto, ou melhor: azar é não ter animal em casa!
Margarida está na ONG Resgatinhos de Campinas (SP) e é vítima do preconceito. A gata, já castrada, aguarda ser adota há cerca de um ano.
Gatos pretos são discriminados até mesmo no momento da adoção e são a maioria em ONGs e abrigos.
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